quarta-feira, 21 de setembro de 2011

7.0 - Introdução - A Europa e o mundo no início do século XX


A Confederação Germânica fundada em 1815 pelo Congresso de Viena era um grande estado reunindo vários territórios autónomos. Era formada por 39 estados soberanos entre os quais o império austríaco, o estado prussiano e muitos ducados, principados e cidades livres.
O soberano desta confederação era o imperador austríaco e a Áustria procurava ter ascendente sobre os territórios alemães. Os desejos de unificação dividiam-se porém entre os adeptos da chefia prussiana ou da austríaca.
A Prússia desejava a supremacia política sobre a região tendo-se desenvolvido bastante do ponto de vista económico e cultural,  armamento, comunicações, indústria, ensino universitário etc.
Em 1828, a Prússia iniciou uma união aduaneira com vários estados pequenos no sentido de desenvolver as relações económicas, o Zollverein sem barreiras alfandegárias criando uma poderosa força militar.
Em 1848 a Dieta de Frankfurt, espécie de parlamento federal propôs a unificação política de todos os territórios não austríacos mas o imperador da Prússia desejava uma união mais centralizada.
A partir de 1862 iniciou-se o movimento de unificação com recurso às armas sob inspiração do primeiro ministro de Guilherme I da Prússia, Otto Von Bismarck.
Por alturas da Guerra dos Ducados terminada em 1865  a Áustria ficou a administrar o ducado de Schleswig e a Prússia com o de Holstein. A Prússia alegou ter a Áustria a ambição de governar sobre os ducados e entrou em guerra com aquele império conseguindo em 1866 pela paz de Praga a expulsão da Áustria da Confederação Germânica formando-se a Confederação da Alemanha do Norte em 1867 constituída por 21 estados.
A guerra com a França permitiu à Alemanha adicionar mais alguns territórios à custa dos rivais latinos.
A sucessão do trono de Espanha ficou em aberto depois da expulsão do poder da rainha Isabel II perfilando-se como candidato Leopoldo de Hohenzollern casado com D. Antónia de Portugal mas aquele sendo primo do imperador prussiano, enfrentou a oposição da França que receava a supremacia da Alemanha na Europa. O imperador alemão interveio para retirar a candidatura do príncipe mas os franceses exigiram mais garantias que os prussianos não concederam iniciando-se a guerra Franco Prussiana com a invasão da França.
Travaram-se as batalhas de Sedan e Metz sendo presos 90 000 soldados franceses e o imperador. Conhecida a derrota os parisienses proclamaram a 3ª Republica e a França perdeu os territórios católicos da Alsácia Lorena com o Tratado de Paris de 1871. 


A unificação alemã transformou este país numa forte potência europeia. A União Alfandegária (Zollverein) entre todos os estados alemães, embora lenta foi o fundamento da unidade alemã e da sua força industrial. Os últimos territórios a aderir à união aduaneira foram as cidades de Hamburgo e Bremen, em 1888.

Entretanto a produção industrial em grande crescimento foi impulsionada pelas numerosas guerras e conflitos em que a Prússia se tinha envolvido resultando daí um potencial bélico que igualava no final do século XIX as duas outras grandes potências europeias, França e Inglaterra. Acompanhando esta afirmação económica e industrial as pretensões expansionistas do Império Alemão afirmaram-se com a conivência de outras potências vizinhas. Assim, cerca de 1880 o imperador Guilherme da Alemanha convocou uma grande conferência internacional, a Conferência de Berlim que agrupava todas as potências coloniais da época e tendo como objectivo a partilha da África orientada pelo principio da ocupação efectiva dos territórios coloniais. Procurava-se assim assegurar o fornecimento de matérias primas fundamental à expansão da indústria europeia conquistando mercados e demarcando territórios.

A par da diplomacia, a Alemanha equipou o seu exército e marinha com o equipamento mais moderno firmando ao mesmo tempo acordos e tratados políticos e militares dos quais se destaca a Triplice Aliança com a Austro-Hungria e  a Itália. Este acordo estabelecido em 1882 foi o passo decisivo duma afirmação hegemónica que a Inglaterra e a França, como potências coloniais de primeira importância, não podiam ignorar levando estas com o apoio do Império czarista da Rússia, a firmar entre si a Triple Entente concluida em 1907.

Duma Paz Armada que opunha os dois blocos  o mundo passou rapidamente para o confronto bélico a partir de 1914, a 1ª Grande Guerra, conflito que durou seis anos e que se iniciou com um avanço súbito e poderoso da Alemanha contra a França no sentido de ocupar Paris que os alemães consideravam manter uma política contrária aos seus interesses e que em diversas ocasiões ao longo dos quarenta anos anteriores mantivera com os germânicos frequentes disputas políticas e territoriais e que era considerada na época uma nação apoiante dos perigosos ideais de secessão que ameaçavam os Impérios Centrais (Alemanha e Austro-Hungria).

A vitória na 1ª Grande Guerra acabou no entanto por ficar nas mãos dos aliados da Europa Ocidental, Inglaterra, França e países aliados de entre os quais se destacaram os E.U.A. cujos exércitos, nos últimos meses do conflito apoiaram nas trincheiras o esforço de guerra francês detendo com sucesso aos ultimas avanços do exército germânico.

A capitulação alemã aconteceu em 11 de Novembro de 1918 dando lugar no principio de 1919 à Conferência de Paz realizada em Paris com a presença dos delegados das várias nações intervenientes. Ao mesmo tempo a Alemanha mergulhava no caos social e económico provocado por revoltas comunistas e extremistas em várias cidades alemãs, factos que exigiram a intervenção no seu território dos exércitos aliados impondo a ordem e instaurando um regime de democracia parlamentar. 

domingo, 17 de abril de 2011

9.3.2 - As relações com os países lusófonos e com a área ibero-americana

Apesar das ligações à Comunidade Europeia, Portugal continua a dar grande importância às relações estabelecidas com o mundo da lusofonia e o espaço ibero-americano. 

No espaço ibero americano são de destacar as boas relações com a Espanha e o Brasil. AS trocas comerciais assumem relevo crescente nesta região e os investimentos mútuos são crescentes não só no Brasil mas também em países latinos da América do Sul. 

Portugal e os PALOP

Ao longo dos anos oitenta verificou-se um processo de aproximação progressiva aos países de língua oficial portuguesa.

  • A partir de 1982 as relações com Angola tornaram-se mais favoráveis com o desenvolvimento de políticas de cooperação económica.
  • Angola tornou-se o mais importante parceiro de Portugal nos Palop absorvendo mais de 60% das exportações para aqueles países.
  • Com os restantes países, sofrendo de muitas dificuldades e crises políticas frequentes as relações têm sido marcadas por alguns avanços embora condicionados pelo fraco ritmo de crescimento. 
  • Têm-se desenvolvido acordos de cooperação multilaterais sob a orientação de diversas entidades e particularmente IPAD (Instituto Português do Apoio ao Desenvolvimento)
Relações com o Brasil

As relações com o Brasil têm-se aprofundado devido em grande parte à posição privilegiada de Portugal na Europa. Desde os anos 90 as relações bilaterais tiveram grande incremento surgindo da parte do Brasil importações relevantes no sector dos recursos e produtos primários e encontrando-se no Brasil boas oportunidades de investimento nos campos da metalomecânica, textil, energias alternativas, construção civil, turismo, telecomunicações. Ao mesmo tempo a imigração de muitos brasileiros tem permitido estreitar as relações e a cooperação. 

Área Ibero-Americana

Além da Espanha, país com o qual as trocas comerciais e intercâmbios culturais e políticos têm sido frequentes também outros países de língua espanhola na América têm merecido a atenção de empresários e políticos enquadrados pela Comunidade Ibero-Americana (CIA). Alguns países como Venezuela, Argentina e Chile têm merecido a atenção de empresários e políticos pelas oportunidades de cooperação que se abrem. 

9.3.1 - A integração europeia e as suas implicações

A INTEGRAÇÃO EUROPEIA E AS SUAS IMPLICAÇÕES 

A evolução económica  


Desde finais dos anos setenta Portugal enfrentou uma difícil crise económica, só ultrapassada com a ajuda do Fundo Monetário Internacional. As dificuldades enfrentadas na época eram de vária ordem:

  • alguma instabilidade política ao nível interno 
  • inflação elevada 
  • elevadas taxas de juro
  • desemprego 
  • baixo desenvolvimento tecnológico 
  • dinamismo empresarial afectado gravemente pelos efeitos da crise política pós-25 de Abril 
  • dificuldades acentuadas nas comunicações entre regiões do país. 
Desde a década de setenta Portugal tinha iniciado um processo de aproximação à Comunidade Europeia. A adesão veio a realizar-se em 1986 tendo como efeito uma evolução benéfica do ponto de vista económico e social, desde então. Os efeitos fizeram-se sentir: 
  • Afluxo de capitais através de fundos estruturais e de coesão 
  • construção e modernização acelerada das vias de comunicação
  • modernização administrativa
  • melhorias das condições de vida e do exercício dos direitos de cidadania
  • aumento significativo dos investimentos externos
  • dinamismo empresarial 
  • desenvolvimento pronunciado do sector terciário 
  • melhorias acentuadas na balança comercial
  • descida do desemprego 
  • subida dos salários pensões e subsídios
  • aumento do consumo privado
  • estabilidade da moeda
  • convergência moderada de salários
  • redução da inflação
  • redução das taxas de juro e aumento dos investimentos 
  • investimentos em novos países emergentes por parte de empresas nacionais. 
Até final do século vinte a sociedade portuguesa sentiu os efeitos de profundas transformações em vários sectores da vida económica: 
  • declínio acentuado das actividades agrícolas aprofundando o défice dos abastecimentos 
  • grande desenvolvimento do terciário com o aparecimento de novos bancos, companhias de seguros, centros comerciais, expansão de negócios na área dos audiovisuais, espectáculos e indústrias tecnológicas. 
  • perda de importância do sector transformador, químico, siderurgia, reparação naval, electromecânicos. 
  • diversificação das exportações com o surgimento de novas actividades industriais de tecnologias inovadoras. 
  • Crescimento das trocas comerciais com a União Europeia
  • Grandes investimentos do Estado em comunicações. 
Algumas dificuldades se mantêm persistindo problemas estruturais de difícil resolução:

  • desigualdades sociais acentuadas
  • problemas sociais envolvendo minorias 
  • choques petrolíferos desequilibram e agravam balança comercial
  • impacto das crises mundiais na economia interna
  • agravamento do desemprego e endividamento das famílias 
  • concorrência de novas economias europeias acelera crise da indústria nacional
  • envelhecimento da população 
  • baixo nível de escolaridade afecta mão de obra 
  • baixa formação profissional 
  • desertificação progressiva do interior 
  • impactos das vagas de imigração e emigração 

9.2.1 - Mutações sócio políticas e novo modelo económico

O DEBATE DO ESTADO NAÇÃO


Um dos principais legados do liberalismo político, o Estado-Nação surgiu no final das suas grandes guerras   com renovada importância tornando-se assunto estruturante da ordem internacional contemporânea. Surgindo das cinzas dos Impérios Austro-Húngaro, Turco e Alemão em 1919 ressurgiu no final dos anos 40 até aos anos setenta e de novo a partir dos anos noventa com o fim da U.R.S.S. e a reorganização política pós Guerra Fria. Se por um lado países como a Jugoslávia se desmembram em novas pequenas nações, a Alemanha unifica-se, demonstrando que o movimento pode desenvolver-se em dois sentidos, o da fragmentação e o da unificação política. 

Alguns factores prejudicam porém a crise actual dos Estados Nação: 
  • os conflitos étnicos
  • nacionalismos separatistas
  • valorização das diferenças 
  • rivalidades culturais e económicas 
  • o impacto da mundialização e das questões transnacionais que reduz o sentimento de comunidade nacionalista
Explosões étnicas 

Com motivações linguísticas, religiosas ou culturais de raiz histórica surgiu com renovada força com o abrandamento do centralismo soviético mas pode acentuar-se como reacção à padronização da cultura global. Geralmente surgidas por motivos económicos, sociais ou políticos têm surgido em todos os continentes com excepção da Oceania assumindo uma feição intra-estado e não interestados. 
Exemplos: 
  • a Tchetchenia reclama a independência da Rússia
  • A Georgia luta contra o separatismo da Ossetia do Sul e da Abecásia
  • Azerbeijão que tenta manter a unidade perante os desejos de independência do Alto Karabath 
  • Afeganistão que reprime a revolta talibã 
  • India que reprime a etnia sikh e o território da Cachemira muçulmana. 
  • Sri Lanka onde dividida pelas questões religiosas entre hindus e budistas
  • China que enfrenta o separatismo tibetano, budista
As situações relatadas remetem em geral para genocídios e ondas de refugiados permitindo o aparecimento de redes mafiosas e terroristas que se movem com agilidade. 

Questões transnacionais

Várias questões que ultrapassam as particularidades e destinos nacionais afectam a vida de todos nós nas sociedades comunicantes em que vivemos: 
  • Migrações provocadas por motivos vários desde os económicos aos políticos passando pelos religiosos que assumem grande importância na Ásia e África. Da Ásia do sul para o Golfo Pérsico, ou para os países mais ricos da Ásia. De África para a Europa, da América Latina para a Europa ou do México e Cuba para os E.U.A. Acolhimento complexo nos países de destino geralmente mais ricos do que os de proveniência desencadeia por vezes rejeições e reacções xenófobas. 
  • Segurança perante o terrorismo internacional que ameaça a economia e as sociedades mais desenvolvidas mas também as mais pobres e culturalmente mais fracas. Vive do contrabando de armas de todo o tipo desde as nucleares às químicas financiando-se frequentemente através do comércio de droga. 
  • Ambiente sujeito a pressões por parte dos países mais industrializados que tardam em efectuar reformas ambientais mas também pressões demográficas particularmente duras em regiões como a África ou o sul e leste da Ásia. Destruição de florestas tropicais, erosão dos solos, avanços do urbanismo e poluição completam um quadro pessimista que é agravado pela destruição colectiva da camada de ozono e o consequente efeito de estufa. Várias conferências têm sido realizadas para enfrentar os problemas ambientais desde o Rio de Janeiro em 1992, a Cimeira da Terra, 

AFIRMAÇÃO DO NEOLIBERALISMO E GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA

A partir dos anos oitenta uma nova via para a resolução dos problemas económicos mundiais ressurgiu pela mão de R. Reagan nos E.U.A. e M. Thatcher no Reino Unido. 
  • Rejeitava o keinesianismo por implicar aprofundamento dos défices e aumento da inflação 
  • o neoliberalismo propunha políticas de rigor e de planificação das políticas económicas 
  • evitava a despesa pública com privatizações, 
  • reduzia despesas com segurança social e cortes no emprego, 
  • controle dos salários com pequenos ajustamentos indexados às taxas de inflação. 
  • Reduziu-se a intervenção do Estado na economia valorizando a iniciativa privada 
  • estimulando a livre concorrência liberalizando preços
  • reduzindo impostos sobre as empresas. 
  • Propõe-se a liberalização das trocas e o investimento tecnológico. 
Tal política conduziu à chamada globalização aprofundada pelas novas tecnologias de informação e comunicação que se desenvolveram de forma acelerada nos últimos vinte anos principalmente com o advento da Internet e a vulgarização dos telemóveis.

Mecanismos de globalização

Vários factores têm contribuído para o alastramento do fenómeno globalização: 
  • liberalização das trocas através de políticas de livre-cambismo apoiado nas novas tecnologias, na inovação e na criação de grandes espaços de comércio transnacionais como a ASEAN, a APEC e a NAFTA ou a UE, o MERCOSUL, COMESA. Desde 1995 a OMC (Organização Mundial do Comércio) liberalizando as trocas e o comércio internacional
  • Movimento de capitais possível com a utilização de redes de comunicações mundiais que ligam os mercados de valores mundiais e possibilitam a realização rápida de grandes investimentos e capitais 
  • Novo conceito de empresa dispersa por vários pontos do mundo mas ligada instantaneamente pela rede  que permite a valorização dos negócios e do capital tanto a pequenas empresas como a multinacionais. 

Críticas à globalização

Merece destaque a questão do aprofundamento do fosso entre países desenvolvidos e países em deenvolvimento. 
  • A desigualdade. Os mecanismos de globalização podem ser também mecanismos de diferenciação e de aprofundamento das diferenças. No campo económico cada vez se torna mais difícil aos países com menos recursos recuperar o atraso a não ser com grandes custos sociais. 
  • O desemprego crescente a nível mundial transforma este no grande problema do século XXI e que se arrisca a produzir fracturas graves no seio de sociedades mesmo as mais desenvolvidas. 
  • Crises e recuperações tornam-se cada vez mais frequentes. De destacar o Forum Mundial Global que discute desde 2001 as questões do desenvolvimento justificando os crescentes problemas sociais e a desigualdade crescente com as políticas neoliberais dos países mais ricos ou com economias mais dinâmicas. 




9.1.3 - Permanência de focos de tensão em regiões periféricas

FOCOS DE TENSÃO EM REGIÕES PERIFÉRICAS

África subsariana

Desde os anos cinquenta várias regiões do mundo têm sido palco de grande instabilidade e graves problemas económicos e sociais. Se até aos anos oitenta, a Guerra Fria e a dicotomia U.R.S.S. e E.U.A. foram o pretexto que justificava todas as divisões, a partir dos anos noventa após a queda da U.R.S.S. a paz não se instalou em nenhuma região do mundo e a guerra e instabilidade continuam a fazer parte do quotidiano. 
Quatro regiões do mundo merecem alguma preocupação pela dimensão dos problemas que ainda persistem: 
  • África subsariana
  • América Latina
  • Médio Oriente
  • Ex-Jugoslávia
  1. África Subsariana
Problemas mais graves: 
  • fomes, 
  • guerras 
  • epidemias 
  • ditaduras e governos brutais
As difíceis condições de vida têm sido responsáveis pela elevada mortalidade na região, marcada por problemas persistentes: 
  • crescimento incontrolável da população 
  • perda de valor das mercadorias e exportações africanas
  • grandes dívidas externas
  • dificuldade de captação de investimentos produtivos
  • perda das ajudas internacionais
A história das nações africanas foi marcada por questões de difícil resolução: 
  • Nacionalismo africano de raiz autóctone motivou os movimentos de independência mas não contribuíram para a unidade nacionalista dos povos após a independência devido a divisões étnicas demasiado fracturantes. 
  • O neocolonialismo europeu não permitiu o desenvolvimento equilibrado da sociedade africana impondo um modelo de cooperação que favoreceu a implantação de regimes autoritários e brutais. 
  • Apesar do fim da Guerra Fria e das esperanças de abertura à democratização os países africanos e os seus governantes têm dificuldade em aderir a modelos políticos liberais e moderados. 
  • As dificuldades, o desemprego e as crises económicas traduzem-se por graves crises de subsistência e pela elevada mortalidade que é fruto do subdesenvolvimento e de políticas autocráticas.

2. América Latina

O século vinte e o actual assistiram a uma sucessão infindável de problemas políticos e de crises conjunturais na América Central e do Sul. Tais crises têm sido marcadas por aspectos socioeconómicos quase sempre  invariáveis:
  • Sucessão frequente de ditaduras militares em alguns dos maiores países da América Latina.
  • repressão policial feroz.
  • elevado endividamento externo.
  • grande dependência dos capitais e mercados externos. 
Outros graves problemas marcaram o passado recente entre 1960 e 1980:
  • revolução cubana provocou receios de propagação de comunismo.
  • regimes militares fascistas pró-americanos alternando com governos de esquerda provocaram grande instabilidade e frequentes golpes militares e crises políticas.
  • surgimento de guerrilhas armadas anti-governamentais facilitaram a divulgação de um modelo de resistência marxista e a implantação de uma opinião pública anti-americana e pró-marxista. 
  • abrandamento do cariz anticomunista de Jimmy Carter permitiu uma progressiva mas lenta normalização.
A partir dos anos oitenta, o abrandamento da política de intervenção activa americana na América Latina provocou algumas mudanças com reflexos favoráveis na situação política e económica de grande parte desses países: 

  • políticas proteccionistas de substituição das importações aceleraram o desenvolvimento tecnológico e económico das sociedades sul-americanas.
  • défices elevados, desvalorizações monetárias, inflações, subida de juros provocaram graves crises financeiras e bancarrotas.
  • políticas neoliberais de abertura ao comércio, aplicadas nas economias mais poderosas da América do Sul levaram a uma inversão do rumo das economias com aumento e diversificação das exportações, captação de investimentos estrangeiros com bons resultados em países como o Brasil, Argentina, Chile, México e Venzuela. 
  • OEA apoiou a partir de 2001 a democratização dos países da América Latina na Carta Democrática Antiamericana.

3. Médio Oriente

Desde 1948, ano da independência do estado de Israel, a instabilidade política tem tido razões de ordem religiosa na zona da palestina. Ao mesmo tempo as riquezas petrolíferas da região do Golfo Pérsico e península arábica marcaram a época da Guerra Fria e foram pretexto para alguns dos conflitos e crises mais marcantes dos últimos quarenta anos. O fundamentalismo islâmico e a questão palestiniana são questões chave que marcam todos os conflitos da região. 

Fundamentalismo islâmico
  • surgiu em 1979 no Irão após a revolução islâmica que depôs o chá da Pérsia implantando um governo teocrático dominado pelos ayatollahs. 
  • É marcado pelo ideal de Jihad e impõem uma configuração política religiosa baseada no Corão.
  • Rejeitando os princípios laicos das sociedades ocidentais os países fundamentalistas acentuam os caracteres corânicos na sociedade civil.
  • os princípios islâmicos são anti-ocidentais e geralmente aceites pelos países e povos com uma posição mais marcada pelo antisionismo. 

Questão Palestiniana

  • A questão palestiniana embora com antecedentes tornou-se mais activa após a independência do estado de Israel que na opinião dos árabes da Palestina não teve em conta os interesses dos povos árabes. 
  • Em 1967, Israel ocupou os territórios árabes através de uma guerra agressiva que durou apenas 6 dias, com o apoio dos E.U.A. e de países ocidentais. A guerra motivou longas querelas políticas e o fortalecimento da oposição e da resistência antisionista levando os árabes a reforçar o papel da Al-Fatah como movimento de oposição armada ao estado judaico.
  • Várias guerras israelo-palestinianas levaram a crises económicas de graves repercussões em todo o mundo nos anos setenta e oitenta o que tornou indispensável a negociação de acordos que permitissem ultrapassar os diferendos entre Israel e o povo palestiniano 
  • Nos finais dos anos oitenta a 1ª Intifada levou a acordos urgentes que evitassem mais violência contra os palestinianos e permitiram a criação do embrião de estado palestiniano na zona de Gaza e na margem ocidental do rio Jordão, acordos de Oslo de 1993 e 1995. 
  • A Autoridade Palestiniana passou desde então a controlar os territórios habitados maioritariamente por árabes embora com alguma intervenção dos judeus e alguns períodos de violência. 
  • Em 2000 a 2ª Intifada levou Ariel Sharon a construir um muro de separação entre Israel e os territórios palestinianos a fim de evitar os ataques de bombistas suicidas. 
  • A partir de 2005 o movimento palestiniano tem sofrido cisões após a morte de Arafat crescendo a desunião entre partidários do Hamas - fundamentalista islâmico e a Fatah. 

4. Balcãs - Nacionalismos e confrontos
  • 1919 criação do estado da Jugoslávia como monarquia. Pedro I da Sérvia sobe ao trono.
  • 1941 Jugoslávia foi ocupada pelos alemães. Guerrilha liderada pelos partisans e por Josep Tito conseguiu vencer os alemães e evitar a intervenção da U.R.S.S. no território. 
  • 1946 Tito tornou-se presidente da Jugoslávia.
  • Anos 50 Jugoslávia não faz parte do Pacto de Varsóvia nem do Comecon. Socialismo não alinhado. 
  • 1961 Conferência de Belgrado, Tito apadrinha movimento dos não alinhados. 
  • 1980 Tito morre surgindo dificuldades e desentendimentos entre croatas católicos, sérvios ortodoxos, e bósnios muçulmanos. Diferenças religiosas e culturais entre as seis repúblicas (Croácia, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Eslovénia e Macedónia).  
  • 1990 eleições na Sérvia deram vitória aos comunistas de Milosevic com a oposição da Croácia, Eslovénia e Bósnia. 
  • 1991 Em consequência Eslovénia e Croácia declararam independência. A independência da Eslovénia foi tolerada pela Sérvia mas esta república pretende criar uma Grande Sérvia agrupando Sérvios da Croácia e Bósnia e não aceita secessão destas repúblicas
  • 1992 Inicio da guerra da Sérvia contra Bósnios e Croatas. ONU intervém mas dá-se uma escalada de violência com bombardeamentos de civis, assassínios em massa, migração de populações, campos de extermínio, limpezas étnicas. 
  • 1995 NATO intervém militarmente com o apoio dos E.U.A. impondo o fim das hostilidades. Acordos de Dayton dividiram a Bósnia em comunidades sérvia e croata-muçulmana. 
  • Em 1999 novo conflito no Kosovo e retirada pela Sérvia depois de intervenção armada da NATO. Milosevic foi capturado e julgado pelo Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas mas suicidou-se na prisão. 

9.1.2 - Os pólos de desenvolvimento económico

A HEGEMONIA DOS E.U.A.



O mundo actual tem três grandes polos de desenvolvimento económico, E.U.A. União Europeia e Ásia Pacífico e uma grande potência, os E.U.A..

Detendo o maior PIB mundial, dos Estados Unidos depende grande parte do equilíbrio económico mundial. É nos E.U.A. que o neoliberalismo tem a sua maior expressão mesmo que outras grandes potências económicas sigam a mesma política:
  • impostos reduzidos sobre as empresas
  • reduzidos encargos com segurança social
  • liberalização dos despedimentos
A sua economia tem características que marcam o sistema económico capitalista mundial: 
  • a maior parte das maiores empresas multinacionais da industria, comércio e finança são norte americanas.
  • o movimento financeiro destas grandes empresas ultrapassa os montantes movimentados pela maior parte dos estados do mundo. 
  • as multinacionais americanas têm interesses instalados em todo o mundo.
  • os E.U.A. são o maior mercado de consumo mundial. 
  • é o maior exportador de serviços do mundo com 75% da sua economia dependente do sector terciário nas áreas da banca, seguros, transportes, restauração, cinema e música. 
  • grande desenvolvimento e produtividade do sector pecuário e agrícola sendo os maiores exportadores mundiais nesta área. 
  • grande desenvolvimento das regiões urbanas do noroeste mas também do sudoeste dos E.U.A. associado às novas tecnologias (silicon Valley) e ao elevado investimento em investigação científica em parques tecnológicos (associando universidades, empresas e centros de pesquisa). 
Ao longo dos anos 90 com a presidência de Bill Clinton os E.U.A. reforçaram o seu papel na zona da Ásia Pacífico contrariando a penetração europeia no mundo. Tomaram-se várias medidas: 
  • Desenvolveram-se relações comerciais e políticas com pequenos e grandes países do Pacífico e Indico
  • revitalizou-se a APEC (Cooperação Económica Ásia Pacífico) criada em 1989. Criou-se a NAFTA (Acordo de Comércio Livre da América do Norte) entre México, Canadá e E.U.A. que no entanto não avançou posteriormente devido à oposição dos países da América Latina como a Venezuela. 
Hegemonia Político Militar

A intervenção americana no Koweit para contrariar a política agressiva de Saddam Hussein face a este país levou a um reforço do papel hegemónico militar dos E.U.A. apoiando-se nos seus aliados ocidentais aproveitando-se das dificuldades sentidas pela Rússia após a desagregação da União Soviética e do Pacto de Varsóvia. O seu papel a nível mundial tem sido marcado por diferentes factores: 
  • multiplicaram as sanções económicas sobre países que não respeitam as regras do direito internacional ou que constituem uma ameaça à segurança e à economia mundial. 
  • reforço do papel da OTAN
  • protagonismo militar em várias regiões ameaçadas pela instabilidade política. (Somália 1992 a 1994,  Afeganistão 2001)

A UNIÃO EUROPEIA

Recuperação de aprendizagens

  • 1944- Conferência de Brenton Woods decidiu-se: 
  1. criação de novo sistema monetário internacional assente no dólar
  2. Criação do FMI 
  3. Criação do BIRD ou Banco Mundial
  • 1947- Acordo geral de Tarifas e comércio GATT (General Agreement on Tariffs and Trade)
  • 1947- Criação do Benelux união aduaneira entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo
  • 1947- Plano Marshall de apoio aos países europeus dá origem à OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica)
  • 1950-Declaração Schumann para a cooperação entre a França e a Alemanha no carvão e aço
  • 1951-CECA com impulso de Jean Monnet criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço com França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
  • 1957- A CECA transforma-se em CEE pelo Tratado de Roma com objectivos de política agrícola, comercial comum, união aduaneira e monetária.
  • 1957- Criação da Euratom Comunidade Europeia da Energia Atómica
  • 1960- Fim dos efeitos do plano Marshall a OECE transformou-se em OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). 
  • 1960- Portugal e mais 6 países europeus criaram a EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre).
  • 1960- Adesão de Portugal ao BIRD e FMI.
  • 1962- Adesão de Portugal ao GATT. 
  • 1968- União Aduaneira e entrada em funcionamento do Mercado Comum.
  • 1975- Criação do Parlamento Europeu
  • 1986-Acto Unico Europeuestabeleceu entre os Estados-Membros as fases e o calendário das medidas necessárias para a realização do Mercado Interno em 1992. Tratava-se de um instrumento institucional novo que alterou pela primeira vez o Tratado de Roma, consagrando o regresso ao voto maioritário no Conselho Europeu, na medida em que alargava o campo das decisões maioritárias ao domínio do mercado interno.
  • 1992- Tratado de Maastricht - cooperação não só económica mas nos campos da política externa, segurança colectiva e assuntos internos (justiça, asilo, imigração, etc)
  • 1999. União Económica e Monetária - criação do Euro. Criação do Banco Central Europeu. 
  • 2002- Euro entrou em circulação nos estados aderentes. 

A União Europeia


Comunidade de 27 estados europeus com 23 línguas diferentes, 500 milhões de pessoas aproximadamente e maior mercado mundial. 
http://europa.eu   
Desde sempre os objectivos da CEE eram os 
  • união aduaneira, a concertação no campo da energia atómica (EURATOM). 
  • política agrícola comum
  • concertação no combate ao desemprego
  • apoio às regiões menos desfavorecidas
  • criação da moeda única
Os efeitos dos choques petrolíferos e da crise económica da década de setenta levaram a um marasmo contrariado a partir de 1985 pelo impulso dado por Jacques Delors que procurou dinamizar e levar por diante a união económica a um número maior de elementos. Assim se desenvolveu a partir de 1992 / 1993 o Mercado Único Europeu com consequências não só económicas mas posteriormente políticas e sociais. (doc 14 p.32) depois da criação do Livro Branco e do Acto Único Europeu de 1986. Assim desde o Tratado de Maastricht de 1992 os países da CE passaram a cooperar e a convergir no sentido de políticas comuns não só económicas mas em todas as áreas: políticas económicas, política externa e segurança e política interna e justiça. 
Como consequência do Tratado instituiu-se em 1999 a moeda única em todos os países da comunidade com a criação do Banco Central Europeu. 


Países aderentes


1957- França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo - 6
1973-Irlanda, Reino Unido, Dinamarca - 9
1981-Grécia 10
1986-Portugal, Espanha 12
1995-Suécia, Finlandia, Áustria 15
2004-Estónia, Letónia, Lituania, Polónia, Rep Checa, Eslovénia, Hungria, Eslováquia, Malta, Chipre 25
2007-Roménia, Bulgaria. 


A entrada dos países mais periféricos e atrasados a partir de 1981 levantou problemas de convergência à CE sendo adoptadas medidas:

  • Canalização de verbas para apoio a políticas de convergência
  • Aceitação de candidaturas de novos países desde que satisfazendo os critérios de admissão (regimes de democracia, respeito pelos direitos humanos, economia de mercado viável, aceitação dos textos e condições impostas pela CEE)
Dificuldades

Dificuldades diversas têm sido enfrentadas pela CEE: 
  • oposição de largos sectores de população dos estados aderentes aos objectivos predominantemente económicos e políticos da comunidade.
  • oposição dos partidos políticos à esquerda das opções de política neoliberal dos países mais importantes da comunidade. 
  • A política de convergência política e de progressiva integração com a anulação das autonomias nacionais tem provocado hesitações do Reino Unido, da Dinamarca ou Suécia, França ou Holanda. 
  • As disparidades culturais e sociais dos países que integram a UE provocam com frequência nas populações nacionais sentimentos de rejeição das medidas mais avançadas e com consequências mais abrangentes em termos políticos nomeadamente a moeda única ou a eliminação de fornteiras. 


ÁSIA PACÍFICO


Fases do desenvolvimento económico da Ásia:

  1. Japão meados dos anos 50 até anos 70 do século XX
  2. Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Formosa (Taiwan)
  3. Malásia, Tailândia, Indonésia e China



Medidas 


O forte desenvolvimento económico do Japão incentivou os países do sudeste asiático à industrialização. Beneficiando da proximidade do Japão e do seu importante mercado, os quatro tigres da Ásia desenvolveram políticas agressivas:

  • políticas económicas proteccionistas
  • atraíram investimentos estrangeiros
  • concederam incentivos às exportações 
  • investiram fortemente no ensino.
Beneficiaram de vantagens competitivas importantes
  • mão de obra pouco reivindicativa
  • baixo custo de mão de obra
  • fracos apoios sociais e más condições de segurança no trabalho
Problemas mais graves
  • grave dependência da economia dos países industrializados
  • dependência energética acentuada 
A partir dos anos 70 a crise do mundo ocidental obrigou estes países a diversificarem mercados e a explorarem os mercados mais próximos e mais rentáveis: 

  • aprofundaram relações comerciais com a ASEAN (associação dos países do Sudeste Asiático, 1967-Tailândia, Malásia, Filipinas Indonésia) beneficiando das matérias primas em que estes eram ricos. 
  • exportavam manufacturados e tecnologia para os países ASEAN e importavam matérias primas baratas como o petróleo 
  • Malásia é o maior produtor mundial de borrachaóleo de palma e estanho
  • Tailandia, agricultura e turismo
  • Filipinas exporta milho, cânhamo, arroz, cana-de-açúcar e tabaco. Possui também quantidades razoáveis de minérios de cromio, cobre, ouro, ferro, chumbo, manganês e prata.
  • Indonésia, as principais indústrias são a petrolífera e de gás natural, além da indústria têxtil, de papel e de minerais, enquanto que os principais produtos agrícolas são arrozmilhomandiocabatata-doce,tabacochácaféespeciarias e borracha
A partir dos anos oitenta o desenvolvimento induzido por estes contactos levou ao crescimento da economia dos países ASEAN devido à sua mão de obra ainda mais barata que os tornava mais concorrenciais que os outros. A ASEAN tornou-se assim um espaço económico de produção de mercadorias e produtos baratos sem concorrência nos mercados europeu e americano. 

Em 1989 a APEC, foi criada agrupando os E.U.A. Nova Zelândia, Austrália e Canadá e os países asiáticos com economias complementares o que teve como resultado um ainda maior crescimento dos países asiáticos. 

Alguns inconvenientes ainda se assinalam nesta região apesar da prosperidade: 
  • baixos salários e pobreza acentuada
  • altos níveis de poluição
  • desrespeito pelos direitos humanos e uso frequente do trabalho infantil
  • governos de carácter autoritário. 

QUESTÃO DE TIMOR


Invadido pelas tropas indonésias em 7 de Dezembro de 1975 perante a ameaça de uma independência timorense guiada pela FRETILIN, de indole marxista, o território de Timor manteve-se sob a tutela indonésia contra a vontade da comunidade internacional e da O.N.U.
Em 1991 o massacre do cemitério de Santa Cruz em Dili atraiu a atenção da opinião pública internacional e em 1996 depois de vários anos de campanha pelos direitos humanos o bispo D. Ximenes Belo, bispo de Timor desde 1988, e Ramos Horta foram galardoados com o Prémio Nobel da Paz facto que chamou a atenção da comunidade internacional para o problema da ocupação ilegal de Timor pela Indonésia.
Pressionada pelos parceiros ASEAN, a Indonésia aceitou que os timorenses decidissem da sua independência através de um referendo sob supervisão da missão UNAMET das Nações Unidas.
Neste, os timorenses votaram pela independência mas nas semanas seguintes uma vaga de violência lançou o medo na população  mas atraiu a atenção dos E.U.A. e da Austrália que exigiram à Indonésia o cumprimento da vontade da população e retirasse do território aceitando a independência do território finalmente proclamada em maio de 2002.
A instabilidade continuou porém com alguns acontecimentos dramáticos que ocorreram em 2006.


ABERTURA DA CHINA À ECONOMIA DE MERCADO


A morte de Mao e os falhanços do Maoísmo obrigaram a uma reflexão sobre a via política a seguir pelos dirigentes chineses nos anos 70 do século XX.
Deng Xiao Ping procedeu a partir dos anos setenta à modernização da China após a morte do lider carismático chinês com um sistema económico a que se designa socialismo de mercado. Anteriormente grande crítico do radicalismo revolucionário de Mao, lançou medidas de renovação determinantes para os anos que se seguiram:

  • abertura cultural admitindo críticas aos excessos do maoismo. 
  • Desenvolveu os sectores da agricultura, indústria, comércio ciência e indústrias militares. 
  • Desenvolveu uma diplomacia orientada para a abertura ao capitalismo ocidental para modernizar o tecido económico chinês.
  • Reestruturação do sector agrário chinês com a descolectivização de terras e o seu arrendamento a longo prazo a camponeses autorizados a comercializar os excedentes. 
  • Criadas várias Zonas Económicas Especiais, Zuhai, Xiamen, Shenzen e Shantou, Hainan na costa sudeste da China próximas de pólos económicos importantes como portas abertas ao investimento e à tecnologia ocidental. Estas zonas beneficiavam de regimes fiscais muito favoráveis e incentivos diversos à fixação de empresas de turismo, construção, têxteis e energia. 
  • Aproximação às economias japonesa e americana desde 1978.
  • aderiu ao FMI, Banco Mundial e aos acordos do GATT em 1986.
  • Integração de Hong Kong (1997) e de Macau (1999) na tutela chinesa num processo gradual e pacífico que contemplou períodos de transição e regimes especiais de circulação monetária e de administração. 
Dificuldades: 
  • Baixo custo de mão de obra provoca grandes desigualdades e dificulta a formação de um mercado interno.
  • Grandes desigualdades entre o interior rural e o litoral desenvolvido
  • Incentivos à indústria de bens de consumo corrente.
  • Abertura ao comércio externo e abandono das políticas de autarcia. 
  • abertura política e cultural tem sido muito lenta e frequentemente desrespeitadora dos direitos humanos causando querelas diplomáticas frequentes. 

9.1.1 - O fim do modelo soviético

Desde finais dos anos setenta do século XX a União Soviética dava sinais de estagnação. O mundo socialista entrou ao mesmo tempo em crise, sem respostas e sem renovação devido à dinâmica pouco empreendedora das economias de feição centralizadora e estatizante. 
Na U.R.S.S. apesar de algumas reformas sociais e económicas desenvolvidas desde os anos sessenta como a das reformas laborais e a procura de acréscimo de produtividade industrial com a exploração das regiões siberianas, o esforço desenvolvido não teve a correspondente contrapartida. A burocracia e a corrupção alastrou nos anos setenta e mesmo os IX e X planos quinquenais não tiveram os efeitos esperados. 

A crise instalada e a morte de Brejnev em 1982 precipitaram os acontecimentos agravados pelos efeitos internos da invasão do Afeganistão em 1979. Andropov, chefe do KGB tornou-se secretário geral do PCUS e passou a liderar a URSS até 1984 ano da sua morte. Chernenko sucedeu-lhe mas por pouco tempo, entre 1984 e 1985. 
Após a morte de Chernenko, Gorbatchev sucede-lhe como secretário geral do Partido Comunista da União Soviética tendo como principal missão uma política de modernização em todos os sectores e de aproximação com o Ocidente e particularmente os E.U.A. país com o qual as relações se vinham deteriorando desde há muito com a presidência de Reagan e devido à questão afegã. Desde 1979 que estavam suspensas as conversações SALT II 

Algumas medidas foram tomadas então: 
  • reinicio das conversações sobre desarmamento.
  • medidas internas de reforma política e económica, a Perestroika com a adopção de uma política interna de transparência Glasnost. 
Perestroika pretendia: 
  • descentralizar a economia 
  • estabelecimento de gestão autónoma das empresas, privadas de ajudas e apoios estatais.
  • Incentivos à formação de um sector privado parcial para estimular a concorrência e a competitividade mas também para contrariar a escassez de bens de consumo.
Glasnost
  • procura combater a corrupção
  • crítica aberta e livre aos órgãos políticos
  • à participação activa na vida política
  • 1989 são organizadas eleições livres e pluralistas que elegem o Congresso dos Deputados do Povo.
Colapso da Cortina de Ferro e da Europa Socialista

O fim da política centralizadora e estalinista da URSS levou à contestação crescente no bloco socialista europeu contra os regimes da Europa Oriental. 
  • Na Polónia o sindicato Solidariedade liderado por Lech Walesa encetou em 1980 movimentos de forte contestação política e social ao governo polaco liderado por Jaruzelski. Os operários dos estaleiros de Gdansk apelavam a melhores salários e contra a carestia de vida. As suas reivindicações foram satisfeitas. 
  • O papa João Paulo II, polaco, apoiou a luta dos operários polacos dando um sinal de forte apoio da Igreja Católica à luta pelas liberdades e ao fim do comunismo na Europa e no mundo.  
  • A doutrina da soberania limitada posta em acção por Brejnev nos anos sessenta deu lugar à implantação de regimes livres e democráticos por todo o mundo socialista da época. 
  • Em 1989 há lugar, em vários dos países comunistas europeus, a uma vaga de transformação e liberalização política e social que permitiu a implantação de regimes democráticos e mudanças políticas determinantes para a história europeia como a queda do muro de Berlim e o fim da República Democrática Alemã sucedendo-lhe em Outubro de 1990 a unificação alemã. 
  • Em Novembro de 1990 é extinto o Pacto de Varsóvia e dissolvido o Comecon. 
Fim da U.R.S.S.

O fim da U.R.S.S. iniciou-se com a independência da Estónia em 1988 e em 1990 a Lituania e a Letónia. Gorbatchev perplexo com tais processos de independência enviou tropas e interveio nas repúblicas bálticas em 1991 mas a intervenção de Ieltsin presidente da República da Rússia no golpe político de 1991 impediu o endurecimento do regime proibindo as actividades do Partido Comunista. Como conclusão do processo, a maioria das repúblicas da União pediram a independência nos finais de 1991 nascendo então a CEI (Comunidade de Estados Independentes) à qual aderiram 12 das 15 antigas repúblicas.

Transição para a economia de mercado


A economia soviética deteriorou-se fortemente ao longo dos anos noventa devido às transformações políticas operadas.
  • Acabaram os subsídios do Estado às empresas o que levou à extinção de muitas das unidades de produção e de um aumento acentuado do desemprego. 
  • A liberalização económica provocou inflação e perda do poder de compra. 
  • Verificou-se um rápido enriquecimento muitas vezes ilícito de certos sectores restritos da burguesia russa e dos antigos altos funcionários da nomenklatura em resultado da privatização forçada das empresas e do mercado negro que cresceu rapidamente devido às carências ao nível do consumo. 
Nos antigos países da Cortina de Ferro a transição para a economia de mercado verificou-se com iguais  dificuldades. A transição foi precipitada e com fracos apoios externos (excepção da antiga RDA) resultando em crise devido a: 
  • agravamento das desigualdades
  • empobrecimento acelerado das sociedades da Europa Central. 
  • grandes disparidades regionais e nacionais. Enquanto os países mais próximos da Europa Ocidental como a Republica Checa, Hungria e Polónia ultrapassaram os antigos padrões de bem estar, nos países mais afastados como a Roménia ou a Ucrânia as dificuldades agravaram-se.